Viajei com o Acaso Até Aqui #22

Apareceu na cena musical no ano passado, mas anda desde pequena a entreter-se com cordas de guitarras. Hoje (ou em 2012) está a entrar na casa dos 30 e já vem com uma imagem transformada de quem já foi pupila e agora é mestre. As razões prendem-se com as performances ao lado de James Chambers (ou Jimmy Cliff, que celebra hoje 65 anos), o escocês Paolo Nutini ou o novato (este, sim) Michael Kiwanuka.

De mãe liberariana e pai jamaicano, Josephine Oniyawa faz-se apresentar com uma voz seca, perturbada e quase perturbante, embebida em folk e com uma postura de quem não veio para não impressionar, pelo menos, não de forma pouco dilatada no tempo (não parece querer ser fugaz ou pouco penetrante como uma VV Brown ou Leela James).

Além de tudo isto, o exercício de associar uma voz a um corpo pode ser muito traiçoeiro. As primeiras impressões fazem-nos imaginar, por vezes, uma mulher voluptuosa com vestes tribais como em «Original Love» ou uma mulher franzinha ao estilo nórdico como em «When We Were Trespassers». Com alma de soul, fez ainda o seu caminho com outros dois EPs A Freak A e I Think It Was Love, ambos em 2010, para depois - dois anos mais tarde - dar-nos o retrato final. O álbum chama-se Portrait e uma das melhores fotografias é «House of Mirrors».



No disco, Josephine tem Leo Abrahams como compositor e produtor, nome que também consta nos trabalhos de Amy Winehouse, Corinne Bailey Rae, Grace Jones ou Nick Cave. «What a Day» foi o single da apresentação da cantora de Manchester. Faz lembrar o resultado de uma receita com os seguintes ingredientes a fermentar: Margo Timmins (Comboy Junkies) e Dani Klein (Vaya Con Dios).


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